“Mãe ansiosa”: Hospital Brasília se desculpa por prontuário de Miguel





O Hospital Brasília disse que as anotações no prontuário de Miguel Fernandes Brandão, 13 anos, sobre a “ansiedade” da mãe, Genilva Fernandes, 40, são “inadequadas” e pediu desculpa por isso. A família do menino denunciou negligência médica à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após Miguel morrer infectado por bactéria, com o corpo necrosado, 26 dias depois de dar entrada na unidade do Lago Sul.


Em nota enviada ao Metrópoles, o Hospital Brasília informou que está em andamento uma “rigorosa análise de assistência”. “Lamentamos profundamente o óbito do paciente, ocorrido em 9 de novembro de 2024. Apesar dos esforços de nosso corpo clínico, infelizmente não foi possível reverter o quadro infeccioso que o acometeu”, declarou.


“Desta forma, nos solidarizamos com a família e informamos que está em curso uma rigorosa análise da assistência, à altura da responsabilidade que temos com nossos pacientes e profissionais de saúde. Nos desculpamos ainda pelas anotações inadequadas do prontuário médico em referência às preocupações da mãe”, afirmou o hospital.



Entenda o caso


  • Miguel Fernandes, de 13 anos, começou a apresentar febre, coriza e espirros, inicialmente tratados como rinite alérgica pela mãe, com uso de Novalgina.

  • Após agravamento dos sintomas, Miguel foi ao Hospital Brasília no dia 14 de outubro, onde exames descartaram Influenza e Covid-19.

  • No dia seguinte, em 15 de outubro, Miguel apresentou novos sintomas, como vômitos, diarreia, unhas roxas e fraqueza nas pernas. Retornou ao hospital.

  • O quadro clínico persistia grave, com febre, exantema e fraqueza, sem diagnóstico definido.

  • A mãe, Genilva, denunciou o atendimento inadequado  e a demora na realização de exames na Ouvidoria.

  • Miguel desenvolveu choque séptico com falência de órgãos. Foi transferido para a UTI após deterioração significativa de sua saúde, com necessidade de intubação e hemodiálise.

  • Na UTI, os médicos identificaram a infecção por Streptococcus pyogenes e Influenza A, enfermidades responsáveis pelo agravamento do quadro.

  • Miguel passou várias vezes por raspagem dos tecidos necrosados, mas ainda apresentava múltiplas complicações, como falência renal e cerebral.

  • Um traqueostomia agravou ainda mais sua condição e ele passou por mais um choque séptico.

  • Miguel morreu na madrugada do dia 09 de novembro devido a choque séptico por Streptococcus pyogenes, Influenza A, insuficiência renal aguda e gangrena periférica



“Ansiedade”

Como mostrou a coluna Grande Angular, Miguel morreu de choque séptico devido a uma infecção bacteriana. A médica responsável pelo atendimento inicial, a pediatra Vanessa Galvan, relatou “ansiedade” da mãe de Miguel no prontuário.


Em 14 de outubro de 2024, Miguel chegou ao Hospital Brasília com febre, dificuldade para respirar, irritação na pele, dor no corpo e moleza. O menino acabou indo para casa após resultado negativo no exame de Influenza, mas retornou à unidade no dia seguinte porque os sintomas persistiram, com episódios de vômito.


Após o diagnóstico de infecção viral, na madrugada de 16 de outubro, a equipe médica informou que o paciente havia acabado de ser internado, mas foi avaliado novamente devido à “ansiedade materna”. Na ocasião, a médica escreveu que o menino não precisava de antibiótico.


“Explico várias vezes o quadro, que minha HD , que a diarreia faz parte do quadro”, diz trecho do documento. Veja:


Relatório Médico do quadro de Miguel Fernandes Brandão


No outro relatório, expedido no dia seguinte, a equipe médica informou que Miguel estava “acompanhado dos pais”, com a “mãe ansiosa”. O documento descreve que o menino comeu sanduíche, vomitou de madrugada e continuava com tosse e diarreia.


“Refere dor no peito, explico que é devido tosse. Mãe faz praticamente as mesmas perguntas de ontem, com as mesmas queixas. Preocupada com a febre, explico novamente o quadro e a conduta, que é medidas (sic) de suporte”, afirmou.


A coluna tenta contato com a médica Vanessa Galvan. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.






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