Salles: Ainda Estou Aqui no Oscar é vitória da cultura brasileira
Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Entretanto, essa máxima não serve para Walter Salles e para uma das famílias mais relevantes do audiovisual brasileiro. Se Walter Salles e Fernanda Montenegro passaram perto de ganhar o Oscar em 1999 de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Central do Brasil, o cineasta e a filha da atriz, Fernanda Torres, ganharam nova chance, com um extra da indicação a Melhor Filme, em 2025. Nada melhor do que o título do filme para retratar o momento da dupla: Ainda Estou Aqui.
A indicação acontece 26 anos depois da estreia de ambos no maior festival do cinema mundial. O cineasta comemorou a inclusão de Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres na lista anunciada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas nesta quinta-feira (23/1).
“Esse é um momento de celebração não só para todos nós que fizemos Ainda Estou Aqui, mas para toda a cultura brasileira. É o reconhecimento da literatura brasileira do livro seminal de Marcelo, da música brasileira genial de Caetano, Gal, Erasmo e Tom Zé, do cinema brasileiro que forma atores e artistas tão incríveis quanto os que eu tive a honra de colaborar com em Ainda Estou Aqui”, descreveu.
Para o cineasta, além do reconhecimento da cultura brasileira em geral, foi o momento de reconhecer a importância de Eunice Paiva como “protagonista da história do país, algo que o público brasileiro soube abraçar antes de qualquer outro”. Salles ainda relembrou que o visto foi visto por mais de 3,6 milhões de pessoas em nosso país, sendo o maior desde a pandemia. Ele classificou o sucesso como “reencontrar um pedaço submerso da história do Brasil”.
Importância do público de Ainda Estou Aqui
Para Walter Salles, a grande audiência do filme no Brasil gerou artigos em diversos jornais fora do país. A Variety, o TMZ e a The Hollywood Reporter, por exemplo, rasgaram elogios ao longa e à atuação de Fernanda Torres.
O diretor ainda relembrou que do apoio e generosidade de outros cineastas e atrizes que abraçaram o filme e o ajudaram a receber as indicações, como Alfonso Cuarón, Sean Penn, Valeria Golino, Olivier Assayas, Alice Braga, Alexander Payne, Wim Wenders, entre outros.
“Não fizemos propriamente uma ‘campanha’, e sim uma série de projeções e debates em muitos países em torno do filme. A trajetória do filme pelo mundo foi construída por uma família muito pequena de pessoas, sem festas ou jantares, falando sobre o que importa: cinema”, completou.
Ainda Estou Aqui liderou as bilheterias de Portugal no final de semana de estreia, registrando sessões esgotadas em cidades como Porto e Lisboa. Nos Estados Unidos, foram selecionadas cinco salas em Nova York e Los Angeles.
O filme teve a maior média de arrecadação por cinema (US$ 22,7 mil) entre todos os longas em cartaz. Na França, onde ganhou exibição em 180 complexos, registrou a maior média de renda por cinema (US$ 3,1 mil). Em outros países, como Itália, Espanha e Inglaterra, Ainda Estou Aqui está próximo de estrear.
O Oscar não foi o único evento internacional de Ainda Estou Aqui. Além do Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama para Fernanda Torres, o filme foi indicado ao Dorian Awards (premiação concedida pela Associação LGBTQ de Críticos de Entretenimento). No Gold Derby Film Awards disputa quatro prêmios: Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Roteiro Adaptado (Murilo Hauser e Heitor Lorega) e Melhor Filme Internacional. No BAFTA (maior premiação do cinema britânico, concedida pela Academia Britânica de Cinema e Televisão) a competição é pelo prêmio de Melhor Filme em Língua Não Inglesa.
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