Inflação alta? Saiba qual o melhor investimento para o dinheiro





O Brasil vive um momento desafiador com o avanço do preços de bens e serviços. Em meio à inflação alta, como encontrar formas eficientes para investir? O Metrópoles consultou especialistas e listou saídas para aplicar dinheiro no cenário inflacionário atual.




Entenda a situação da inflação no país



  • O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o termômetro oficial da inflação.

  • IPCA mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.

  • Nos últimos 12 meses (de fevereiro de 2024 a janeiro de 2025), o Brasil tem inflação acumulada de 4,56%.

  • Segundo previsões, a inflação deverá estourar o teto da meta pelo segundo ano consecutivo.

  • A inflação de alimentos passou de -0,5% em 2023 para 8,2% em 2024, com forte aceleração nos preços de carnes, café, leite e derivados.

  • Preços dos alimentos, que têm pressionado a inflação oficial do país, devem recuar neste ano, segundo projeções do governo federal. Ainda assim, os alimentos terão um peso importante no índice.




O professor de economia Johnny Mendes, da Faculdade ESEG, do Grupo Etapa, explica que as altas dos juros e da inflação podem impactar no aumento de custos de empresas e negócios que dependem de financiamentos, o que pode afetar o crescimento do país.


“Aumenta-se a escassez de crédito visto que os riscos como um todo são aumentados. Logo, as empresas tendem a produzir menos impactando negativamente no PIB do país”, diz.


Como investir em meio à alta inflacionária?


Antes de apresentar as dicas, vale ressaltar que qualquer investimento traz riscos, seja altos ou baixos. Sabendo disso, Mendes reforça que é necessário entender quanto risco cada pessoa pode aguentar.


Investir em produtos com garantia FGC



  • Optar por investir em produtos com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC);

  • Siga as regras do FGC para garantir proteção, principalmente ao escolher instituições financeiras menos conhecidas;

  • Faça pesquisas no site do Reclame Aqui sobre a instituição que está lhe oferecendo algum produto financeiro;

  • Não confie em retornos altos demais, pois não existem ativos que oferecem retornos mais altos;

  • Todo produto financeiro deverá ter o acompanhamento de CVM e\ou do BC; e

  • Lembre-se que qualquer negócio que oferecer retornos altos está oferecendo junto riscos altos.


Investir em títulos pós-fixados


O professor de economia afirma que “inflação em alta é sinal de queda da renda variável, pois as ações das empresas costumam desvalorizar em períodos de alta da inflação”.


“Deve-se comprar ativos na baixa e vender na alta, com isso, se entender que um determinado ativo da bolsa ter perdido muito valor ao longo da alta da inflação, talvez possa avaliar que o ciclo de queda do preço do ativo terminou e que a empresa nos próximos anos poderá ganhar muito valor”, acrescenta Mendes.



De acordo com o economista, a saída mais segura para aqueles que pensam em aplicar dinheiro é escolher os melhores ativos de renda fixa. Por exemplo, títulos públicos com risco soberano de preferência títulos pós-fixados — rendimento é composto pela taxa de juros + a variação da inflação. Outra opção são títulos com Certificado de Depósito Bancário (CDB) que dão garantia do FGC.


Nesses casos, Mendes recomenda priorizar Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) de bancos  que dão garantias do FGC. “Outro bom motivo para escolher LCA e LCI são as isenções de imposto de renda”, destaca.


Como escolher o melhor título de renda fixa:



  • Com alta expectativa de subida da taxa Selic, deve-se investir em títulos pós-fixados como Tesouro Selic e Tesouro IPCA.

  • Se a expectativa for de queda, deve-se investir em títulos como LCI e LCA por diferentes bancos.


Projeções para a inflação em 2025


O mercado financeiro subiu a projeção de inflação deste ano pela 18ª semana seguida. Segundo o relatório Focus mais recente, a estimativa para o IPCA de 2025 passou de 5,58% para 5,60% nesta semana — valor superior ao teto da meta, que é de 4,50%.


No momento, o Brasil tem inflação acumulada de 4,56% — ainda acima da meta. O valor mostrado pelo mercado chama a atenção por estar distante da variação oficial divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Essa desancoragem das expectativas de inflação para o mercado financeiro — isto é, o distanciamento das projeções de inflação no chamado “horizonte relevante” e da meta inflacionária — pode ser explicada pelos seguintes fatores:



  1. resistência inflacionária estrutural;

  2. dúvidas sobre a condução da política fiscal; e

  3. um possível repasse cambial.


Para o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, isso “compromete a eficácia dos juros altos e reforça a necessidade de uma comunicação mais clara do Banco Central e do governo sobre a estratégia para equilibrar crescimento e controle da inflação”.


Lima ainda pondera que o desafio será entender até que ponto essa desancoragem de expectativas é “reflexo de uma inflação persistente ou apenas uma reação temporária do mercado”.


Meta pode ser descumprida em junho


A partir deste ano, a meta de inflação do Brasil é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.


Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual – isto significa, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.


O próprio BC informou que a meta tem 50% de chance de ser descumprida em 2025. Em relatório publicado em dezembro, o órgão avaliou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta neste ano cresceu de 28% para 50%.


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Integrantes do Copom e o presidente do BC, Gabriel Galípolo

Raphael Ribeiro/ Banco Central
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Novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo (segundo à direita), junto com outros membros da diretoria

Reprodução/Instagram
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Galípolo tem a confiança do presidente Lula

Raphael Ribeiro/BCB
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Economista Gabriel Galípolo, indicado de Lula ao BC

Igo Estrela/Metrópoles
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Gabriel Galípolo

Hugo Barreto/Metrópoles

Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de janeiro, a diretoria da autoridade monetária também admitiu a chance de a inflação acumulada em 12 meses ficar acima do teto do intervalo de tolerância durante seis meses seguidos — o que caracterizaria o descumprimento da meta inflacionária em 2025.


Se a inflação continuar avançando, o valor acumulado em 12 meses permanecerá “acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, ressalta o órgão. “Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, acrescenta o BC.


Caso a meta seja descumprida, o Banco Central precisa divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda — neste caso, o ministro Fernando Haddad — explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária tem o papel de controlar o avanço dos preços, por meio da taxa básica de juros, definida pelo Copom a cada 45 dias.


Imagem colorida das datas das reuniões e atas do Copom em 2025 - Metrópoles
O Copom se reúne oito vezes no ano. O comitê decide, a cada 45 dias, a taxa Selic vigente





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